Proteger os remanescentes florestais nessas três regiões é crucial para a mitigação das mudanças climáticas. A conservação dessas florestas não apenas evita a liberação de grandes quantidades de carbono na atmosfera, mas também preserva a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que essas florestas tropicais fornecem.
Um estudo liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de Bristol – publicado em março de 2023 – identificou que as áreas em recuperação nas três maiores florestas tropicais do mundo – Amazônia (América do Sul), Congo (África Central) e Bornéu (Sudeste Asiático) – retiraram da atmosfera pelo menos 107 milhões de toneladas de carbono por ano, acumulando um total de 3,56 bilhões de toneladas até 2018.
Esse total acumulado é suficiente para compensar 26% das emissões brutas de carbono causadas pelo desmatamento global (10,52 bilhões de toneladas) e pela degradação antrópica (2,91 bilhões de toneladas), como queimadas e corte seletivo de madeira, muitas vezes ilegais.
Esses dados colaboram com as estatísticas de emissões nacionais apresentadas à Organização das Nações Unidas (ONU). Os inventários nacionais são relatórios publicados pelos países e enviados à Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC – sigla em inglês) com dados e uma visão geral das ações para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
No Brasil, os dados se somam ao programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), desenvolvido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que visa compensar financeiramente países em desenvolvimento por resultados em programas de redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e degradação florestal. O programa considera tanto a conservação quanto o aumento dos estoques de carbono florestal, bem como o manejo florestal sustentável.