O crescimento populacional, a expansão econômica e a necessidade de universalizar o abastecimento de água, registrados da última década, demandam uma crescente no consumo de água potável. Esses fatores acenderam um sinal de alerta nas autoridades governamentais, econômicas e climáticas do mundo: os recursos hídricos não correspondem às demandas do impulso no consumo de água limpa pela população brasileira. E a água do planeta está acabando.
Em outra vertente, desperdício descabido, o aumento das cadeias de produção e a crescente no consumo per capita, afeta sistematicamente os mananciais do Brasil. A preservação das áreas verdes de nascentes (APPs) e dos lençóis freáticos está sob a ameaça da ação das expansões urbanas desordenadas, das sucessivas demandas industriais e da agricultura, do crescimento populacional e das mudanças climáticas globais.
Os programas de preservação precisam ser melhorados e, na maioria do território nacional, precisam ser implementados de fato. Se desejamos continuar a conviver com o ecossistema deste planeta, se faz urgente a ação de preservação do bem mais precioso à vida terrestre, a água.
Água: recurso essencial à vida
A preservação das bacias que fornecem água adequada para o consumo humano – os mananciais – é o objetivo final do Programa Mananciais do Brasil. Diante do desafio de conservar os ecossistemas relacionados com a água, como rios, aquíferos, nascentes, lagos – dentre outras, é importante investir na educação, na conscientização para a preservação, no planejamento e aplicação prática de ações de conservação, visando respeitar a vocação natural dos sistemas hídricos que nos abastecem.
A água é um recurso finito, que está cada vez mais escasso. Com o ritmo que as cidades brasileiras expandem em população, fica inviável assegurar o fornecimento de água limpa e segura a todos. Investir e ampliar programas de conservação é o caminho para frear cadeias de consumo e desperdício, que afetam a capacidade natural de produção dos Aquíferos brasileiros.
A cultura do desperdício
De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2022, o Brasil desperdiça 40% da água captada para distribuição. Esse fato se deve aos precários sistemas de captação hídrica e, principalmente, às falhas nos sistemas de compartilhamento que se encontram desatualizados. O processo brasileiro de captação, tratamento e distribuição de água já está ultrapassado tecnologicamente, demandando investimentos na substituição por novos sistemas mais eficientes, que corrigem as falhas do desperdício como vazamentos e descontrole nos dados de distribuição. A correção para esse problema estaria tão somente na mobilização política e em planos governamentais de saneamento, que planejem obras de substituição das vias hídricas antigas por outras, mas modernas e eficientes.
Na outra ponta, os consumidores finais – tanto residenciais quanto industrias e agricultores – ainda não compreenderam que a água é o recurso natural não renovável mais escasso do planeta. Do total de água doce do planeta, apenas 0,3% estão disponíveis para o consumo humano. Faz-se necessário e urgente que programas sérios e consistentes de conscientização do uso comedido da água sejam lançados, praticados e incluídos nas pautas sociais, educacionais e comerciais em todo o país.
Educando para o consumo consciente
Preservar os mananciais brasileiros garantirá o abastecimento de água potável e segura. E mais, proteger as bacias hídricas abrange outros aspectos:
– garante que as matas ciliares sejam mantidas, com toda fauna e flora que ali habita;
– evita que rios sejam assoreados;
– impossibilita que as encostas dos rios sofram degradação pela erosão;
– garante que as leis de proteção ambiental sejam cumpridas por indivíduos e empresas;
– assegura que os lençóis freáticos não sejam contaminados;
Entre todos os aspectos positivos e essenciais da conservação dos mananciais brasileiros, o fundamental é a educação para o consumo consciente da água. A ONU estima que o consumo médio diário por pessoa seja de 110 litros por dia. No Brasil, o consumo gira em torno de 166 litros, índice 51% maior que o recomentado para suprir as necessidades diárias de uma pessoa.
Esse aumento está arraigado na cultura brasileira e em sua relação com a água. Culturalmente, cidadãos brasileiros estão habituados ao uso despreocupado de água potável, pois o Brasil é o país com a maior rede hidrográfica do mundo na Amazônia, com 7.000.000 de km². Em terras brasileiras também está o maior reservatório de água doce do planeta: o Aquífero Guarani, que possui um volume estimado em 55.000 km².
O povo brasileiro ainda não foi educado para a importância desses reservatórios. Programas de educação constante e campanhas de conscientização que efetivamente transforme o comportamento do brasileiro ainda carecem de investimento e implementação de fato. O consumo consciente da água passa necessariamente pela educação.