De acordo com um novo relatório da empresa de tecnologia suíça IQAir, apenas 13 países, territórios e regiões atenderam às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para uma qualidade do ar saudável em 2022. A companhia, que trabalha em conjunto com o Programa Ambiental das Nações Unidas (UN-Habitat – sigla em inglês) para combater a poluição do ar, examinou dados de mais de 30.000 estações e sensores que monitoram a qualidade do ar em 7.323 cidades em 131 países, regiões e territórios.

Conforme os resultados das análises, apenas Austrália, Bermuda, Bonaire, Estônia, Finlândia, Polinésia Francesa, Granada, Guam, Islândia, Nova Caledônia, Nova Zelândia, Porto Rico, Saint Eustatius e Saba e Ilhas Virgens Americanas alcançaram as diretrizes de qualidade do ar, cujo alvo é de PM2,5 – ou cinco microgramas por metro cúbico ou menos. “PM” é a sigla técnica que define as “partículas em suspensão” – e as PM2,5 são partículas finas com um diâmetro de 2,5 mícrons ou menos. Essas partículas são emitidas por fontes como carros, fábricas e incêndios florestais, e podem ter efeitos negativos na saúde humana quando inaladas em grandes quantidades. As diretrizes de qualidade do ar geralmente visam limitar a concentração de PM2,5 no ar para proteger a saúde pública.

A Agência de Proteção Ambiental Norte Americana (EPA – sigla em inglês para United States Environmental Protection Agency) informa que o tamanho das partículas de poluição do ar está diretamente relacionado ao seu potencial para causar problemas de saúde: pequenas partículas podem penetrar profundamente nos pulmões e algumas podem até entrar na corrente sanguínea. No ano passado, países e territórios na África e na Ásia Central e do Sul tiveram a maior média anual de concentrações de PM2,5 por população, de acordo com a IQAir. O Chade tem a maior concentração de PM2,5, com 89,7 microgramas por metro cúbico, seguido pelo Iraque com 80,1 e Paquistão com 70,9, de acordo com o relatório. Bahrain, Bangladesh, Burkina Faso, Kuwait, Índia, Egito e Tajiquistão compõem o restante dos 10 países mais poluídos do relatório.

Apesar do crescimento nos últimos anos, a obtenção de dados de qualidade do ar na África continuou sendo um problema. Apenas 19 dos 54 países do continente tinham os dados necessários disponíveis, de acordo com o relatório. A IQAir ainda destaca a importância da melhoria da qualidade do ar em todo o mundo e a necessidade de ações concretas para combater a poluição do ar. A baixa qualidade do ar é um problema global que afeta a saúde humana e o meio ambiente,  por isso é necessário um esforço conjunto de governos, empresas e indivíduos para enfrentá-lo, reduzindo assim seus efeitos prejudiciais.

Justiça Climática: Reconhecendo os Mais Afetados Pela Mudança Climática

A qualidade do ar é um assunto crucial quando se fala em justiça climática. Para os profissionais que atuam em áreas relacionadas ao meio ambiente, à sustentabilidade e aos direitos humanos, compreender e incorporar a justiça climática em suas práticas é fundamental. Isso significa, entre outras coisas, reconhecer que as mudanças climáticas têm impactos desproporcionais sobre grupos historicamente marginalizados, como as populações indígenas, as comunidades quilombolas, os povos tradicionais e países em situação de pobreza. A justiça climática também implica reconhecer que as soluções para as mudanças climáticas precisam ser inclusivas e democráticas, envolvendo a participação ativa de todas as pessoas e comunidades afetadas. Isso requer o fortalecimento da capacidade das populações locais para enfrentar os desafios climáticos, o respeito aos seus conhecimentos tradicionais e a criação de mecanismos eficazes de consulta e consentimento prévio e informado.

Uma das formas de viabilizar a justiça climática é implementar diretrizes e regulamentos de qualidade do ar para proteger a saúde de comunidades vulneráveis. Além disso, é importante desenvolver e promover a implementação de modelos colaborativos de múltiplas partes interessadas para avançar na justiça ambiental por meio da prevenção da poluição. Outras medidas para possibilitar a justiça climática incluem:

A Organização das Nações Unidas (ONU) tem diversas iniciativas e diretrizes para melhorar a qualidade do ar em países afetados pela poluição. Uma dessas iniciativas é o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que trabalha com governos, empresas e organizações da sociedade civil para implementar estratégias de redução da contaminação do ar e promover práticas sustentáveis. Algumas das estratégias usadas pelo PNUMA incluem a promoção de tecnologias e combustíveis limpos, o incentivo à mobilidade sustentável, a utilização de energia renovável e a gestão integrada de resíduos sólidos. O PNUMA também trabalha para aumentar a conscientização sobre a importância da qualidade do ar e para fortalecer a capacidade dos governos e outras partes interessadas para enfrentar a poluição do ar. Com essas metodologias, o PNUMA está ajudando a promover a justiça climática e a proteger a saúde e o bem-estar das comunidades mais vulneráveis.

Além disso, a ONU tem o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris, que buscam limitar as emissões de gases de efeito estufa e reduzir a poluição do ar. A implementação de normas de qualidade do ar, como os padrões de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde, também colabora na melhoria da qualidade do ar em países afetados pela poluição.

As diretrizes de qualidade do ar que visam controlar a emissão de poluentes, como o PM2.5, são uma forma de proteger a saúde e o bem-estar de todas as pessoas, especialmente aquelas que são mais vulneráveis ​​aos impactos negativos da poluição, como as comunidades de baixa renda e países em desenvolvimento. A justiça climática busca enfrentar a distribuição desigual dos impactos negativos das mudanças climáticas e da degradação ambiental, que geralmente afetam mais as comunidades marginalizadas. Ao implementar essas diretrizes e regulamentações, podemos trabalhar em direção a uma sociedade mais justa e equitativa, na qual todos tenham acesso a um ar limpo e saudável.

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