A pobreza e as desigualdades são conceitos que evidenciam questões relacionadas às diferenças sociais, problemas econômicos e desafios ligados à exclusão e à escassez de recursos, que tornam evidente que são questões que impactam diversas comunidades e resultam em várias formas de privação e marginalização social. Esses problemas são graves, estruturais e revelam a falta de ações por parte das políticas públicas, disparidades socioeconômicas e sérias limitações no acesso a recursos financeiros e condições equalitárias de desenvolvimento social.
A pobreza é uma condição que vai além da mera falta de recursos financeiros. Ela se manifesta em várias dimensões, permeando a falta de acesso a serviços básicos – como saúde, educação e moradia adequada – e às oportunidades de emprego digno. Além disso, a pobreza tende a afetar desproporcionalmente grupos marginalizados, como mulheres, crianças, minorias étnicas, pessoas com deficiência e idosos.
A pobreza também está distribuída geograficamente, principalmente, em regiões como a África Subsaariana, o Sul da Ásia e partes da América Latina. Essas regiões enfrentam desafios significativos, como disparidades de renda, falta de acesso a serviços básicos, conflitos armados e desastres naturais, que contribuem para a persistência da pobreza.
É fundamental destacar que a pobreza e a desigualdade estão intrinsecamente ligadas e se influenciam mutuamente. A desigualdade econômica e social muitas vezes contribui para a persistência da pobreza, dificultando que as pessoas superem suas condições de privação. Por sua vez, a pobreza extrema pode agravar as desigualdades existentes, gerando um ciclo vicioso de exclusão e marginalização social.
Segundo dados do Banco Mundial, aproximadamente 9,2% da população mundial, o equivalente a 719 milhões de pessoas, vivem em extrema pobreza, com menos de US$ 2,15 por dia. Embora haja avanços na redução das taxas de pobreza globalmente, a pobreza ainda representa um desafio significativo, com uma em cada dez pessoas em regiões em desenvolvimento vivendo com menos de US$ 1,90 por dia.
De acordo com o relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2022, divulgado pela ONU, o número de pessoas afetadas pela fome em todo o mundo aumentou significativamente. Em 2021, o total chegou a 828 milhões, o que representa um aumento de cerca de 46 milhões em relação a 2020 e de 150 milhões desde 2020.
Pandemias, conflitos e desastres naturais agravam as taxas de pobreza e dificultam o progresso na realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O Relatório Econômico da América Latina e Caribe destaca que os dados de vulnerabilidade social na América Latina são impactados significativamente pelos números do Brasil. Em 2022, segundo estimativas do Banco Mundial, cerca de 31,5% das pessoas na região viviam em situação de vulnerabilidade social, ou seja, recebiam entre US$ 6,85 e US$ 14 por dia. No entanto, quando excluídos os dados do Brasil, essa proporção aumenta para 32,9%.
A pobreza multidimensional aguda refere-se a uma situação na qual as pessoas vivenciam privações em várias dimensões essenciais, como acesso inadequado à educação, saúde precária, falta de saneamento básico, moradia precária, falta de acesso a água potável, desnutrição e outros indicadores de bem-estar humano. Essas privações ocorrem de forma simultânea, agravando ainda mais a situação de vulnerabilidade e privação das pessoas afetadas.
A persistência da pobreza como um problema alarmante exige o reconhecimento de seus impactos abrangentes na vida das pessoas. Compreender e abordar esses impactos requer a construção de ferramentas eficazes em diversos âmbitos, a fim de mitigar os danos causados.
A erradicação da pobreza é um objetivo crucial da comunidade internacional e do sistema das Nações Unidas. A Agenda 2030 reconhece a erradicação da pobreza como o desafio mais significativo para o desenvolvimento sustentável e visa acabar com a pobreza em todas as formas globalmente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU têm sete metas interconectadas para alcançar a mitigação de todas as formas de pobreza em todo o mundo.
O impacto do desenvolvimento humano e social ainda é percebido de forma diferenciada, dependendo de fatores como gênero, etnia, idade e localização geográfica. Mulheres, crianças, idosos e grupos étnicos minoritários podem enfrentar barreiras adicionais no acesso a recursos e oportunidades, aprofundando ainda mais sua exclusão e marginalização.
O amparo, fomento, defesa e socorro de grupos e comunidades em situação de risco é uma das responsabilidades mais importantes de uma sociedade que deseja se desenvolver de maneira sustentável. Para promover mudanças significativas, é necessário um enfoque multidimensional que aborde não apenas a pobreza material, mas também as desigualdades estruturais e as injustiças sociais. Isso envolve a implementação de programas que visem à redistribuição de recursos, à promoção da inclusão social e à garantia dos direitos básicos. É igualmente crucial fortalecer a participação ativa dessas famílias nos processos de tomada de decisão que afetam suas vidas, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e respeitadas.