Os deslocamentos populacionais causados pela mudança climática global já atingiram mais de 23 milhões de pessoas. As informações são do relatório da Agência para a Migração da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em 2022. O documento intitulado “Pessoas em movimento sob um clima em mudança: unindo políticas, evidências e ação” aponta recomendações para solução de problemas causados pela nova demanda de migração climática, como:
– Soluções para que as pessoas possam migrar de forma segura;
– Soluções para pessoas em deslocamento;
– Soluções para pessoas ficarem em suas localidades.
O momento é de reflexão sobre as consequências sociais causadas pela crise climática global. Num mundo onde todos precisam ter seus direitos mínimos resguardados, independentemente de raça, credo ou etnia, lançar um olhar cuidadoso sobre a nova migração climática se faz urgente e necessário.
Encarando as Causas das Migrações Climáticas
As devastações causadas por enchentes, incêndios ou pela seca extrema impossibilitam nações inteiras de ter segurança de moradia e alimentação minimamente dignas. Milhões de pessoas tiveram retirados seu direito de escolher a mobilidade em razão das catástrofes ambientais. Somente na Nigéria, mais de 1 milhão de pessoas ficaram desabrigas devido a fortes enchentes em 2022. A essa população – bem como para milhares de outros povos – não foi assegurado o direito de escolher entre ficar ou migrar. Se as pessoas não têm mais onde cultivar alimentos, não possuem acesso à água limpa e perdem suas moradias, não resta outra saída senão o deslocamento migratório. Dar a essas pessoas condições dignas de migração é a pauta de todos os acordos feitos na área climática, para todos os países participantes dos grandes Fóruns Internacionais.
É notório que os desastres naturais causados pela mudança climática não vão parar. Seus danos são muito mais prejudiciais em sociedades que pouco contribuem para o processo de degradação ambiental. Em sua grande maioria, quem mais sofre com catástrofes climáticas são povos pouco desenvolvidos econômica e industrialmente, que não possuem condições de infraestrutura básica para sobreviver aos danos. Cada vez mais crescentes, as calamidades humanitárias em decorrência da mudança climática assolam grandes territórios, ao mesmo tempo que essas populações não conseguem se desenvolver e estruturar para o crescimento social. Antes mesmo de serem acometidos pelas enchentes, o povo nigeriano já enfrentava problemas de desigualdades econômicas, desorganização social, violência, pobreza e fome.
O momento é de urgência na implementação dos acordos sobre o clima global, principalmente nas diretrizes para soluções no deslocamento climático.
Pondo em Prática as Soluções Para as Migrações Climáticas
Recentemente, a Agência da ONU para as Migrações (OIM sigla para International Organization for Migration) solicitou que sejam colocadas em prática – em caráter de urgência – os acordos internacionais estabelecidos para o deslocamento climático.
Essas ações envolvem a implementação de uma estratégia que inclui três principais iniciativas:
– Soluções para que as pessoas possam migrar, promovendo deslocamentos planejados, regulares e seguros, antecipando o possível acometimento de uma área por desastre ambiental;
– Soluções para pessoas em deslocamento: antecipando a saída das pessoas de locais de risco, através da minimização de perdas e danos;
– Soluções para as pessoas ficarem: reduzir os riscos de desastres naturais em locais já reconhecidos como áreas de risco potenciais para catástrofes ambientais.
Em todas as três propostas de iniciativas recomendadas pela ONU, as diretrizes para formulação das ações dependem da melhoria no uso de dados climáticos, para o desenvolvimento de programas baseados em informações científicas. As atividades que envolverão o deslocamento seguro de povos ao redor do mundo precisam utilizar informações disponíveis no Big Data aplicado ao meio ambiente. São diretivas mais precisas na coleta de dados para definis planos estratégicos de migração: para evitar desastres climáticos, para assegurar o deslocamento seguro das pessoas ou para planejar o deslocamento frente a informações precisas sobre o clima local.
Estamos hoje falando da vida de mais de 23 milhões de pessoas. É impreterível que os extensos acordos sobre o clima, que envolvem as questões do deslocamento humano, sejam efetivamente colocadas em prática, para revertermos o processo de migração, que hoje deixa nações inteiras em situação de vulnerabilidade e marginalização social.