O aquecimento global provocado pelo aumento da emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE) afeta milhões de pessoas no planeta, sendo considerado hoje o principal fator de aceleração no agravamento da crise alimentar e surgimento de novas doenças. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que entre 2030 e 2050 teremos um aumento de 250.000 mortes por ano causadas por problemas relacionados às mudanças climáticas e seus impactos. E o mais alarmante é que as pessoas que mais sofrerão com as consequências do aquecimento global são as que menos contribuem para que ele ocorra: pessoas abaixo da linha da pobreza que vivem em comunidades e países menos favorecidos economicamente e sofrem com insegurança alimentar.

2022 foi um ano de bastante atividade nas alterações climáticas. Acompanhamos as tragédias que assolaram países pouco desenvolvidos como o Paquistão e Angola, que contabilizaram milhares de desabrigados e mortos após os desastres causados pelas enchentes. Esses eventos, colocam essas populações – que já são vulneráveis – em condição de dependência da ajuda humanitária internacional. Para conseguirem dar à estas pessoas condições mínimas de sobrevivência e para poderem se reconstruir, diversas instituições e organizações ligadas ao combate à fome, erradicação da pobreza e à economia circular em todo o mundo, se mobilizam em prol dos que sofrem com os danos ambientais. Desastres climáticos como as enchentes, tempestades, incêndios e ondas de calor, causam prejuízos muitas vezes irrecuperáveis em sociedades desestruturadas, pois devastam áreas de plantio e mananciais de água potável, além de criar ambientes propícios para aparição de novas doenças e proliferação de outras já conhecidas.

Propostas Para a Crise Climática que Atenuarão a Insegurança Alimentar

Secas severas, enchentes, deterioração de recursos hídricos e escassez de água já impactam diretamente a produção alimentar no mundo. A preocupação com a alimentação adequada, um dos direitos preconizados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, tem sido tema de conferências como a COP27 (Sigla em inglês para Conference Of the Parties), realizada no Egito no final de 2022. A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas apontou expressivas perdas no cultivo de inúmeros alimentos essenciais à subsistência em diversos países. A resolução do encontro é que ações sejam implementadas a partir de 2023 para restabelecer a confiança de que esforços globais serão realizados, garantindo o acesso à alimentação por populações afetadas pelo clima, a partir das seguintes resoluções:

– Criação de Fundos de Investimentos Internacionais para perdas e danos;

– Aumento no desenvolvimento de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e seus impactos;

– Definição de um ritmo global para a ação climática;

– Fortalecimento das metas nacionais de redução na emissão de GEE.

– Garantia de que áreas afetadas por desastres naturais recebam ajuda financeira internacional para aplacar as perdas sofridas, em conjunto com planos nacionais que tenham compromissos mais ousados em suas NDCs (sigla do inglês para Nationally Determined Contribution) que consiste na contribuição nacionalmente determinada ou pretendida, que tem como destaque a mitigação das mudanças climáticas, nela incluídas as metas relacionadas ao clima, para redução de gases de efeito estufa.

Todas estas resoluções possibilitarão a retirada de programas do papel com a implementação de fato da agenda de combate e erradicação da fome e da pobreza extrema.

Em locais onde catástrofes climáticas ocorrem, as pessoas vivenciam realidades assoladoras: ficam desabrigadas, sem perspectivas e suscetíveis a incidência de diversas doenças relacionadas à falta de alimento, insalubridade e estruturas de saúde.

Sistemas Globais de Saúde Precisam se Adaptar à Agenda Climática

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as mudanças climáticas são a maior ameaça à saúde humana da atualidade. Dados da Organização apontam que até 2030 sejam necessários gastos na ordem de U$ 4 bilhões por ano, para reparação de danos causados à saúde relacionados ao clima.

Os sistemas globais de saúde precisam se adaptar para essa nova realidade catastrófica. Países em desenvolvimento que não possuem infraestrutura adequada para a saúde serão os que mais sofrerão. Programas de investimento no desenvolvimento de projetos locais de economia verde e em matrizes energéticas limpas e renováveis serão determinantes para a transformação das realidades dos países mais afetados por desastres ecológicos como os que estamos vivenciando na atualidade. Esses programas proporcionarão à essas comunidades o acesso amplo e gratuito a sistemas de saúde adequados à prevenção de doenças, cujos tratamentos já estão disponíveis. Também no socorro imediato às vítimas de desastres ambientais, com segurança e eficiência.

Até 2030 é importante que os investimentos e a implementação de projetos aconteçam em ritmo mais acelerado, pois pessoas estão em sofrimento e perdendo suas vidas na dependência de programas de auxílio, não apenas financeiro, mas também de estruturação das propostas de ações locais. É importante que as nações que precisam dos fundos internacionais estejam preparadas para aplicar os recursos de forma eficiente, em projetos que de fato devolverão às populações de áreas afetas, a dignidade, a saúde e a esperança.

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