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Investeren in technisch en beroepsonderwijs is investeren in de economische en sociale toekomst van een natie

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Auteur: Stichting Oakpar

Não existe uma definição internacional universalmente aceita da faixa etária jovem. Embora outras definições possam ser adotadas pelos Estados Membros, para fins estatísticos, as Nações Unidas adotam a definição de jovens como pessoas entre 15 e 24 anos – o que representa 16% da população mundial.

Essa definição foi estabelecida no contexto dos preparativos para o Ano Internacional da Juventude em 1985 e foi endossada pela Assembleia Geral em 1981, por meio da resolução 36/28. Todas as estatísticas da ONU sobre a juventude são baseadas nessa definição e são refletidas nos anuários de estatísticas publicados pelo sistema da ONU sobre demografia, educação, emprego e saúde.

Projeções indicam que até 2030, prazo estabelecido para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, esse número deverá aumentar em 7%, chegando a quase 1,3 bilhão de jovens.

À medida que os jovens buscam cada vez mais oportunidades e soluções justas, equitativas e progressivas na sociedade, a urgência em enfrentar os desafios multifacetados que eles enfrentam se tornou mais evidente do que nunca. Questões como acesso à educação, saúde, emprego e igualdade de gênero são desafios cruciais que enfrentam atualmente.

Os jovens têm o potencial de serem uma força positiva para o desenvolvimento, desde que tenham acesso ao conhecimento e às oportunidades necessárias para prosperar. Em particular, é fundamental que os jovens recebam uma educação de qualidade e desenvolvam as habilidades necessárias para contribuir de forma produtiva para a economia.

A agenda da juventude das Nações Unidas é orientada pelo Programa Mundial de Ação para a Juventude. Esse programa abrange quinze áreas prioritárias para a juventude e apresenta propostas de ação em cada uma dessas áreas. Adotado pela Assembleia Geral em 1995, o Programa de Ação oferece uma estrutura política e diretrizes práticas para ações nacionais e apoio internacional, visando melhorar a situação dos jovens em todo o mundo.

Sob essa premissa, a qualidade da educação desempenha um papel crucial no desenvolvimento e no empoderamento dos jovens. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4) destaca a importância de uma educação de qualidade inclusiva e equitativa, bem como o acesso a oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

Garantir o acesso à educação de qualidade é essencial para facilitar uma transição bem-sucedida para o mercado de trabalho e alcançar trabalho decente, além de ser fundamental para a realização de vários outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A educação primária e secundária de qualidade deve ser complementada por oportunidades de educação técnica e terciária acessíveis, proporcionando aos jovens as habilidades relevantes para o emprego e o empreendedorismo.

A educação técnica desempenha um papel crucial ao equipar os jovens com habilidades práticas e conhecimentos específicos para atender às demandas do mercado de trabalho em constante evolução. Além disso, a educação terciária, incluindo o ensino superior e a formação profissional, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de líderes e profissionais qualificados, impulsionando a inovação e o crescimento econômico.

A educação técnica e profissionalizante desempenha um papel fundamental na formação dos jovens e no desenvolvimento socioeconômico de um país. Por meio dessa modalidade de ensino, os estudantes adquirem conhecimentos teóricos e práticos voltados para um campo específico de atuação profissional, preparando-se para ingressar no mercado de trabalho de forma qualificada.

A educação técnica e profissionalizante oferece aos jovens a oportunidade de adquirir habilidades e competências práticas em áreas como tecnologia, engenharia, saúde, agricultura, administração, entre outras. Essa formação permite que os estudantes estejam aptos a desempenhar funções específicas e sejam valorizados pelo setor produtivo.

Uma das vantagens desse tipo de educação é a sua estreita conexão com o mercado de trabalho. As instituições de ensino técnico e profissionalizante estão constantemente atualizando seus currículos e programas de estudo para acompanhar as demandas e as tendências do mercado. Isso possibilita aos estudantes uma formação alinhada às necessidades das empresas e aumenta suas chances de empregabilidade.

Além disso, a educação técnica e profissionalizante também contribui para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Ao formar profissionais capacitados e especializados em diversas áreas, o país fortalece sua infraestrutura produtiva, impulsiona a inovação e estimula o empreendedorismo.

No entanto, é importante destacar que a educação técnica e profissionalizante deve ser valorizada e receber investimentos adequados. É necessário oferecer recursos financeiros, infraestrutura de qualidade e formação docente especializada para que as instituições de ensino possam proporcionar uma educação técnica de excelência.

Além disso, é fundamental que haja uma mudança de mentalidade em relação à educação técnica, superando preconceitos e estigmas associados a essa modalidade de ensino. A educação técnica e profissionalizante não deve ser vista como uma alternativa inferior à educação acadêmica, mas sim como uma opção válida e necessária para o desenvolvimento integral dos jovens e do país como um todo.

Para promover a educação de qualidade, é necessário investir em infraestrutura educacional, materiais didáticos adequados, tecnologia educacional e capacitação de professores. Além disso, é importante promover práticas pedagógicas inovadoras e inclusivas que atendam às necessidades individuais dos jovens, incentivando a participação ativa e o pensamento crítico.

Os jovens enfrentam desafios significativos quando se trata de emprego, com taxas de desemprego muito mais altas em comparação com os adultos. A taxa global de desemprego juvenil atingiu 13% em 2017, e muitos jovens acabam trabalhando em empregos mal remunerados, precários ou informais.

Durante o processo de desenvolvimento da Agenda 2030, que durou três anos, os jovens desempenharam um papel fundamental, trabalhando em conjunto com os Estados Membros e a sociedade civil, incluindo organizações de juventude, na definição de metas e objetivos específicos. Sendo assim, o bem-estar, a participação e o empoderamento são fatores essenciais para impulsionar o desenvolvimento sustentável e a paz em todo o mundo.

O Programa das Nações Unidas para a Juventude, pertencente ao Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA), desempenha um papel fundamental como ponto focal para questões relacionadas à juventude nas Nações Unidas. Seu objetivo é aumentar a conscientização sobre a situação global dos jovens, promover seus direitos e aspirações, e ampliar sua participação na tomada de decisões como um meio de alcançar a paz e o desenvolvimento. O DESA coordena a participação de jovens na Assembleia Geral e no Sistema Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), onde os governos regularmente incluem jovens em suas delegações oficiais.

Para fortalecer ainda mais o trabalho relacionado à juventude, o Secretário-Geral designou um Enviado para a Juventude em janeiro de 2013 e um Enviado Especial para o Desemprego Juvenil em setembro de 2016. Esses enviados trabalham em conjunto para aumentar o acesso dos jovens às Nações Unidas, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e suas preocupações abordadas.

Uma importante iniciativa do DESA é a preparação do Relatório Mundial da Juventude, uma publicação bienal que destaca áreas-chave no desenvolvimento da juventude. Esse relatório fornece uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelos jovens em todo o mundo, bem como das oportunidades e boas práticas que promovem seu desenvolvimento. É uma ferramenta essencial para informar políticas e programas voltados para a juventude.

O ECOSOC Youth Fórum é um evento anual de destaque, que oferece uma plataforma para os jovens expressarem suas necessidades e preocupações por meio do diálogo informal com outras partes interessadas, em particular os Estados Membros. Esse fórum proporciona uma oportunidade valiosa para explorar maneiras de promover o desenvolvimento da juventude em todos os níveis. Representando o local mais institucionalizado para a participação dos jovens nas deliberações da ONU, o ECOSOC Youth Fórum é um importante veículo para mobilizar o apoio dos jovens para a implementação da Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O Papel do Ensino Técnico Profissionalizante na Formação de Novos Líderes e Empreendedores

A orientação socioeducativa tem se tornado uma pauta relevante nas discussões sobre a expansão do ensino médio. Embora inicialmente a função de tutoria não contemplasse a orientação vocacional, atualmente existem experiências em andamento, algumas em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que buscam promover uma abordagem mais ampla e socioeducativa na orientação dos jovens durante o último segmento do ensino secundário.

Essas iniciativas visam proporcionar aos jovens ferramentas para que eles possam construir estratégias educativas e profissionais com base em seus interesses e potencialidades pessoais. Para além da orientação vocacional tradicional, essas abordagens buscam oferecer um melhor conhecimento do contexto sociolaboral e das possibilidades educativas pós-secundárias. Além disso, buscam estabelecer relações entre os interesses pessoais dos jovens, as diversas opções de trabalho e as oportunidades educacionais disponíveis. Informações sobre direitos e deveres dos trabalhadores também são fornecidas, permitindo que os jovens reflitam criticamente sobre o mundo do trabalho.

Essas iniciativas são frequentemente conduzidas por ONGs que trabalham com educação não formal e têm desenvolvido materiais e abordagens interessantes nessa área. Por meio de módulos específicos ou realização de oficinas, essas organizações buscam promover um ambiente que vá além da mera orientação vocacional, fornecendo aos jovens conhecimentos e habilidades necessárias para tomarem decisões informadas e estratégicas em relação à sua educação e carreira.

No Chile, o Programa Chilecalifica tem desenvolvido, entre várias linhas de atuação, uma abordagem voltada para a orientação vocacional e profissional no ensino médio. Desde 2003, o programa lança convocatórias para o financiamento de projetos em escolas secundárias que buscam vincular sua oferta educativa com informações disponíveis sobre o mercado de trabalho e que se propõem a articular-se com redes estratégicas locais. Nesse sentido, o objetivo não é apenas o desenvolvimento de cursos para os jovens dentro do ambiente escolar, mas também promover a inserção da escola em redes locais. Essa experiência é muito interessante e existem informações disponíveis na internet sobre ela.

Na Colômbia, também existe uma abordagem interessante, com a introdução, no nível secundário, de um módulo amplo chamado “cultura do trabalho”. No entanto, ainda não há avaliações disponíveis sobre essa iniciativa. Outro formato é o da educação secundária com ênfase na formação para o trabalho, que se assemelha à formação integrada. Esse tipo de formato fundamenta-se em argumentos relacionados à motivação dos jovens, à melhoria do desempenho dos alunos com dificuldades, à continuidade dos estudos e à integração de conhecimentos teóricos, tecnológicos e práticos. Existe um debate sobre o momento em que essa formação profissional deve ser introduzida, principalmente nos países em que o ensino médio é dividido em duas etapas: inferior e superior. Discute-se se algum conteúdo de formação profissional deve ser introduzido já na educação secundária inferior, para jovens de 12 e 13 anos.

Embora existam poucas experiências que proponham uma política orientada para o ensino médio juntamente com a formação profissional, como o programa Brasil Profissionalizado no Brasil, há alguns antecedentes, como a rede de escolas Fé e Alegria e as escolas telessecundárias do México (ensino médio à distância). São experiências diversificadas, mas ainda pequenas, que têm como perspectiva introduzir a formação profissional articulada com a educação secundária geral. Essas iniciativas enfrentam vários desafios, como garantir a qualidade da formação profissional, integrá-la institucional e curricularmente, lidar com questões de financiamento, equipamentos, materiais, integração curricular, perfis profissionais e capacitação docente.

Essas questões estão sendo discutidas em pesquisas internacionais, levando em consideração a brevidade da formação profissional e as condições institucionais existentes. Alguns países africanos, por exemplo, têm avaliado criticamente a viabilidade dessa formação, considerando que sua qualidade é questionável. Além disso, há uma série de outros desafios relacionados ao financiamento, equipamentos, materiais, integração curricular, perfis profissionais e capacitação docente que precisam ser abordados para garantir o sucesso dessas iniciativas.

Observa-se que existem duas abordagens para o desenvolvimento de competências empreendedoras entre os jovens. Uma delas ocorre por meio de projetos produtivos escolares, que visam ao desenvolvimento de empreendimentos. A outra abordagem busca promover uma atitude empreendedora nos jovens, sem necessariamente se limitar ao empreendedorismo comercial, incentivando-os a empreender projetos sociais e cidadãos. Existem várias proposições e documentos sobre metodologias de trabalho nesse tema por meio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).

De maneira geral, a formação empreendedora é realizada por meio de duas estratégias principais: a simulação de negócios e o desenvolvimento de casos concretos. Na Colômbia, por exemplo, existe uma disciplina transversal de empreendedorismo em todos os níveis da educação, enquanto a Província de Rio Negro, na Argentina, também desenvolve a disciplina de empreendedorismo. No entanto, algumas questões são apontadas pelos estudos, como a falta de sincronia com o desenvolvimento local, os objetivos dos professores e a necessidade de criação de comissões institucionais para implementação dessas abordagens.

Além disso, algumas iniciativas são realizadas fora do ambiente escolar, com a participação de outros atores, e as escolas podem resistir a essas abordagens por não compreenderem a necessidade de desenvolvê-las, além de representarem uma sobrecarga de trabalho. Nos projetos mais diretamente relacionados à produção, há uma tensão constante entre a lógica produtiva e a lógica educacional. Um problema importante em todas as experiências de estágio e projetos produtivos é garantir a participação de todos os jovens.

Também existem várias estratégias pedagógicas que vão desde a prática à teoria, bem como projetos que propõem a aprendizagem ativa em contextos reais. Essas tendências indicam uma reformulação do papel da preparação para o trabalho no ensino médio, visando a superar a dicotomia entre conhecimentos gerais e específicos, incluir a comunidade na escola, considerar a diversidade cultural, motivação e interesses dos jovens, além de reconhecer as desigualdades e condições de vida das famílias.

Essas tendências se concretizam em iniciativas como a introdução explícita dos saberes do trabalho nas leis gerais de educação ou educação secundária, como ocorre no México, Colômbia e Brasil. Também são promulgadas leis ou decretos específicos para organizar e proteger os objetivos pedagógicos de dispositivos como os estágios. Além disso, existem projetos de financiamento específicos, como o Brasil Profissionalizado, e orientações oferecidas às escolas para desenvolver esses projetos.

A ONU, a fim de combater a violência nas comunidades do Haiti, está investindo em programas de ensino técnico profissionalizante. Em áreas historicamente perigosas da região de Porto Príncipe, capital do país, jovens estão recebendo treinamento para se engajarem em atividades empreendedoras.

Dentre as carreiras oferecidas, estão aulas de encanador, construção civil, metalurgia e outras áreas relevantes. Cada ciclo de formação atende a cerca de 200 pessoas, com uma participação mínima de 30% de mulheres. Além disso, todos os participantes recebem auxílio financeiro para garantir o transporte de ida e volta.

Sine Laubens, de 20 anos, é um dos beneficiários do programa. Ele possui quatro irmãos desempregados e está cursando aulas de manutenção de ar-condicionado. Além disso, o programa patrocinado pela Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) oferece a ele um estágio de seis meses em uma empresa especializada. Sine avalia que o curso pode mudar sua vida de forma significativa.

Segundo a seção da MINUSTAH que trata da Redução de Violência nas Comunidades, o projeto busca oferecer formação em áreas que permitam aos jovens trabalharem de forma independente, uma vez que o país enfrenta um alto índice de desemprego.

Além das aulas técnicas, os participantes recebem instrução em alfabetização básica, noções de cálculo e são estimulados artisticamente. Também são fornecidos apoio psicossocial e atividades de conscientização para a redução da violência contra as mulheres.

No mundo todo, diversas ações têm sido desenvolvidas para fortalecer e promover o ensino técnico e profissionalizante como uma opção educacional relevante e de qualidade. Governos, organizações internacionais, instituições de ensino e empresas estão engajados em iniciativas que visam preparar os jovens para o mercado de trabalho, capacitando-os com habilidades práticas e conhecimentos especializados.

Um exemplo notável é a experiência da Alemanha, conhecida por seu sistema dual de educação profissional. Nesse modelo, os estudantes alternam entre aulas teóricas em instituições de ensino e treinamento prático em empresas. Essa abordagem permite que os alunos adquiram habilidades específicas para o trabalho enquanto estão em contato direto com o ambiente profissional, facilitando sua transição para o mercado de trabalho.

Outro país que tem investido fortemente na educação técnica é a Suíça. O sistema de formação profissional suíço é altamente reconhecido e valorizado, proporcionando aos estudantes uma educação equilibrada entre teoria e prática. Por meio de parcerias entre escolas e empresas, os estudantes são expostos a diferentes áreas de trabalho e têm a oportunidade de aplicar seus conhecimentos em situações reais.

No Brasil, o programa “Brasil Profissionalizado” tem como objetivo fortalecer e expandir a educação profissional e tecnológica no país. Por meio de parcerias entre o governo federal, os estados e as instituições de ensino, são oferecidos cursos técnicos integrados ao ensino médio, possibilitando aos jovens a obtenção de uma formação ampla e qualificada.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também tem desempenhado um papel importante na promoção do ensino técnico e profissionalizante em diversos países. Por meio de projetos e programas, a OIT apoia a melhoria da qualidade da educação profissional, a capacitação de professores e a promoção de parcerias entre instituições educacionais e o setor produtivo.

Além disso, várias empresas têm assumido a responsabilidade de promover a educação técnica e profissionalizante. Elas estabelecem parcerias com escolas e instituições de ensino, oferecem programas de estágio e aprendizagem, e investem em infraestrutura e equipamentos para garantir uma formação de qualidade aos jovens.

Essas ações demonstram a importância crescente do ensino técnico e profissionalizante como uma via para o desenvolvimento pessoal e profissional dos jovens. Por meio dessas iniciativas, os estudantes têm a oportunidade de adquirir habilidades práticas, obter conhecimentos especializados e estar preparados para as demandas do mercado de trabalho.

 

Como a Indústria 4.0 Está Mudando o Perfil dos Profissionais da Área Técnica

 

A Indústria 4.0, também conhecida como Quarta Revolução Industrial, está trazendo grandes mudanças para o setor industrial em todo o mundo. Com a adoção de novas tecnologias, como Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA), robótica avançada e automação de processos, a indústria está se tornando cada vez mais conectada, inteligente e eficiente. Essas mudanças estão impactando não apenas os processos industriais, mas também o perfil dos profissionais da área técnica.

Uma das principais mudanças é a necessidade de profissionais com habilidades técnicas especializadas para operar e gerenciar as novas tecnologias. A Indústria 4.0 está focada em um novo conjunto de habilidades técnicas, incluindo conhecimento em programação, automação, análise de dados e manutenção de sistemas complexos.

Além disso, a Indústria 4.0 está aumentando a demanda por profissionais com habilidades interpessoais, como trabalho em equipe, comunicação e liderança. Com a adoção de novas tecnologias, as empresas estão buscando profissionais que possam trabalhar em equipar processos para implementar soluções inovadoras e gerenciar complexos. A capacidade de liderança e comunicação também é essencial para coordenar equipes multidisciplinares e garantir que todos os envolvidos estejam atentos aos objetivos do projeto.

Outra mudança importante é uma necessidade de profissionais com formação multidisciplinar. A Indústria 4.0 está focada em profissionais que podem integrar conhecimentos de diferentes áreas, como engenharia, tecnologia da informação, ciência de dados e gestão de negócios. Essa formação multidisciplinar é essencial para entender o complexo entre os sistemas e processos industriais e garantir que as soluções integradas sejam eficientes e eficazes.

As empresas também desempenham um papel crucial nessa nova era do trabalho técnico. Elas devem investir em programas de capacitação e treinamento, colaborar com instituições de ensino e promover um ambiente de trabalho que estimule a inovação e o aprendizado contínuo. Além disso, é importante que haja uma maior ênfase na formação de parcerias entre indústria, academia e governo, visando a adaptação dos currículos educacionais às demandas do mercado de trabalho.

A nova era do trabalho técnico traz consigo desafios, mas também abre portas para uma série de oportunidades. A Indústria 4.0 está transformando a forma como a indústria opera, e os profissionais que se adaptarem a essa nova realidade terão um papel fundamental na condução e no sucesso das organizações. A capacitação técnica aliada a habilidades transversais e uma postura de aprendizado contínuo são as bases para o sucesso nessa era de transformação tecnológica.

Diante disso, a educação profissional desempenha um papel fundamental na formação de mão de obra qualificada para atender às demandas do setor produtivo em constante evolução. No entanto, no Brasil, é visível a lacuna deixada pelo ensino médio, o que se reflete na baixa adesão dos jovens ao ensino técnico. Apenas 11% deles optam por essa modalidade, enquanto 83% não seguem para a universidade.

Dessa forma, a Unesco destaca a importância do investimento na formação técnica, que atende às expectativas de uma parcela significativa dos jovens que não necessariamente buscam o mercado de trabalho. Ela aponta que o meio acadêmico não garante necessariamente bons empregos, salários atrativos, estabilidade financeira e ascensão social atualmente.

Para expandir o ensino técnico no país, Otero defende a integração dos setores público e privado, por meio de parcerias entre o governo federal, os governos estaduais e a indústria. Ela ressalta a importância de um mapeamento prévio das áreas do mercado de trabalho que mais demandam profissionais formados no ensino técnico, invertendo a lógica atual e atendendo às demandas específicas de cada região, como o setor agropecuário em determinadas localidades.

Sendo assim, reforça a urgência de investimento no ensino técnico, que requer conhecimentos aprofundados em inovação, empreendedorismo, computação cognitiva, solução de problemas e nova cultura de negócios. Além disso, destaca-se a importância de melhorias no setor acadêmico, com universidades brasileiras aprimorando o processo de formação e estabelecendo parcerias mais sólidas com as indústrias.

Uma iniciativa relevante para estimular a educação profissional no Brasil é a Olimpíada do Conhecimento, promovida pelo Senai, que é a principal competição do setor nas Américas. Nesse evento bienal, especialistas e líderes da indústria se reúnem para discutir os caminhos da educação do futuro. Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), ressalta que a má gestão, as falhas na formação dos professores e a priorização de um modelo clássico de educação são alguns dos desafios a serem enfrentados para alcançar a universalização da educação de qualidade no país.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) é reconhecido como uma instituição de excelência na formação de profissionais para a indústria.

Uma das características distintivas do Senai é sua metodologia reconhecida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Por meio dessa metodologia, o Senai consegue identificar as profissões e habilidades necessárias para os próximos 5 a 10 anos, proporcionando aos estudantes uma formação alinhada com as demandas do mercado de trabalho. A cada quatro anos, elabora o Mapa do Trabalho Industrial, que mapeia as áreas que mais exigirão profissionais em cada estado do país, embasando a oferta de cursos e o desenvolvimento dos currículos.

Apesar de enfrentar um número modesto de matrículas, o Brasil se destaca em competições internacionais na área da educação profissional. Na WorldSkills, uma olimpíada internacional de profissões técnicas com a participação de cerca de 60 países, a equipe do Senai conquistou o primeiro lugar na edição de 2015 e o terceiro lugar em 2019.

Atualmente, a indústria desempenha um papel fundamental na economia brasileira, sendo responsável por 21% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e por 20,4% dos empregos formais. O futuro do setor é promissor, e a Meta 11 do Plano Nacional de Educação estabelece a necessidade de criar 5,22 milhões de vagas na educação profissional técnica de nível médio até 2024, sendo pelo menos 50% delas no setor público. No entanto, em 2019, apenas 1,87 milhão de matrículas foram registradas, sendo apenas 14,5% na rede pública.

O Senai se dedica a formar os profissionais do futuro, combinando atividades teóricas e práticas, além de proporcionar experiências diretas com as empresas. Essa abordagem, que combina conhecimento e prática, tem levado a índices de empregabilidade de até 85% entre os graduados. A indústria, assim como a educação, está passando por um acelerado processo de transformação e, cada vez mais, demanda profissionais capacitados para trabalhar com as novas tecnologias e acompanhar as mudanças do mercado. Portanto, é importante impulsionar o desenvolvimento da indústria brasileira – bem como global – e preparar os estudantes para enfrentar os desafios do futuro.